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Publicidade agrava obesidade infantil, aponta pesquisa


Apenas 30 segundos de mensagem são suficientes para criança adquirir informação e adquirir hábitos errados quanto à alimentação.

O agravamento de doenças crônicas preocupa as autoridades da área da saúde. O aumento do consumo de alimentos industrializados, juntamente com grande influencia de publicidade são apontados como principais causas da obesidade infantil. As campanhas de publicidade vêm sendo desenvolvidas para serem veiculadas com intuito de que se tornem objeto especial da atenção de crianças. De acordo com o Instituto Alana, responsável por reunir projetos para defesa infantil, crianças de até 12 anos de idade não tem a capacidade para diferenciar uma mensagem comercial das mensagens didáticas pedagógicas.

A OMS (Organização Mundial as Saúde) divulgou que no ano de 2025,serão mais de 75 milhões de crianças obesas

Quando se fala em alimentos, as principais preferências das crianças são os ultra-processados, aqueles que já vêm dentro de uma embalagem e que passam por uma série de processos industriais, que contém alta quantidade de sódio, gordura e açúcar e os grandes vilões junk-foods conhecidos como comida rápida com alto teor calórico. Em 2014, a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou que se nada for feito em relação à obesidade infantil, no ano de 2025 serão mais de 75 milhões de crianças acima do peso no mundo.

No dia 4 de abril desse ano, foi publicado pelo Diário Oficial da União a resolução 163/2014 pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) responsável pelo controle de fiscalização de ações relacionadas com as normas do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que acha a prática de mensagens totalmente excessiva direcionada as crianças. Com base no Art. 37, o Código de Defesa do Consumidor diz que “É proibido qualquer propaganda de caráter abusivo e enganosa, e que cabe ao governo a regulamentação do material direcionado ao público infantil”.

Quando se trata de criar campanhas para direcionar o público mais jovem, as empresas buscam o objetivo de adquirir retorno, como um grande índice de persuasão por parte deles e resultando em algo atrativo para consumo. A publicidade de alimentos pode influenciar padrões sociais, principalmente estimular as crianças ao consumo excessivo, ainda segundo o Instituto Alana.

A Costureira Neuza Pires, 39 anos, conta que a sua filha Beatriz*, com apenas 10 anos, pesa 53 kg e mede 1,50m de altura. Diz que a obesidade é devido à ansiedade da garota. “Eu não consigo privar a Beatriz* a ter acesso a esse tipo de mídia. Apesar de se alimentar corretamente, ela consome em altas quantidades doces e balas. Quando não tem o que deseja, fica brava, chora e desconta seu descontrole todo na comida”, conta.

Uma das consequências exageradas desses comerciais em divulgação é a capacidade de incentivar as crianças a adotarem hábitos de alimentação incorretos. Na prática, produzem ações de marketing tão didáticas, como pessoas sorrindo, para mostrar que o produto é saudável. Ainda convencem que alimentos como refrigerantes, chocolates, batatas fritas são ótimos á saúde, mas que, na verdade, o consumo em exagero geram o sobrepeso e outras doenças que podem se manifestar na vida adulta, como diabetes e problemas cardiovasculares, segundo o Instituto Alana.

Para André Luvizotto, professor de Propaganda e Marketing da ESAMC (Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação), “a mídia não tem mais o seu papel essencial como anteriormente. As famílias deixam que os meios de comunicação eduquem as crianças, que na verdade deveria ser uma realidade completamente diferente, onde os pais deveriam dar suporte e auxilio os filhos explicando o que é certo ou errado. Não podemos simplesmente culpar a mídia por tudo”.

O núcleo familiar é o principal local onde os pequenos vêm ganhando espaço nas decisões de compra. É o que confirmam os dados divulgados pelo Instituto Alana: 80% das crianças influenciam no poder de compra dos pais. A pesquisa ainda ressalta que a exposição comercial é um dos fatores que contribui para a mudança de humor e a ansiedade. Pais e mães com receio de serem considerados insensíveis, ao dizerem ‘não’ aos filhos, acabam cedendo aos desejos. Porém, é importante lembrar que os responsáveis devem ser a força orientadora da educação e evitar que distorçam os valores familiares.

“Privar nem sempre é possível, mas ficar atento aos conteúdos que os filhos têm assistido é fundamental. Manter um diálogo coerente e explicativo aos pequenos colabora na formação e na base que vão desenvolvendo desde a infância. Não é uma tarefa fácil, porem exige paciência. Crianças não sabem o que é melhor para suas vidas, afinal são crianças ainda. A palavra final deve ser sempre dos pais. Famílias controladas pelos filhos são como um barco à deriva”, explica a psicóloga Ariane Toubia.

O importante é que os pais tenham consciência de o quanto os seus filhos estão expostos a vários tipos de informação, e incentivem uma alimentação balanceada, saudável e sem exageros. Dar bons exemplos dentro de casa é o melhor caminho.

*nome da filha da entrevistada foi modificado para preservação da imagem.

* Yasmin Pereira é estudante do 7º semestre de jornalismo da Esamc (Sorocaba-SP) e participante do projeto Muito Mais, sob orientação da jornalista Cida Muniz, voluntária no Instituto Noa (www.institutonoa.org.br)

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